O exemplo dos adultos pode influenciar os hábitos das crianças desde os primeiros anos de vida
Há um aumento muito sério nos casos de obesidade infantil, que está relacionada principalmente ao padrão de alimentação desenvolvido já na fase neo-natal, como por exemplo, o tipo de alimento introduzido, se foi aleitamento materno exclusivo até os seis meses, se houve introdução de fórmulas, consumo de açúcar antes dos dois anos de idade, o que não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, entre outros fatores.
Se a criança foi submetida desde cedo a alimentos industrializados, isso com certeza impacta no desenvolvimento do organismo e na modulação hormonal que esse paciente vai desenvolver.
Uma alimentação muito rica em carboidratos de alto índice glicêmico como farináceos e açúcar, por exemplo, faz com que o paciente, ainda criança, atinja picos de insulina em seu pâncreas, o que acarreta um depósito de gordura visceral. Associado ao sedentarismo, cada vez mais comum na infância, é sem dúvida uma condição que favorece o quadro de obesidade infantil.
As crianças não praticam mais as mesmas atividades da nossa geração, trocaram as brincadeiras na rua por eletrônicos e passam cada vez mais tempo dentro de casa, sem gastar energia.
Por mais difícil que seja admitir isso, o problema da obesidade infantil começa com os pais, pois a criança não vai ao supermercado comprar o que come, ela não tem o poder de escolha, esse padrão de alimentação vem dos adultos. Eles são quem introduzem uma alimentação errada e que possuem hábitos nada saudáveis, fazendo com que a criança desenvolva a obesidade.
Existe uma curva de peso e altura que o paciente desenvolve até os 14 anos de idade. Por meio dessa curva, é possível saber o percentual de crescimento e de peso, se está dentro do esperado ou se ultrapassou, se a criança está nutrida, desnutrida ou se está obesa.
A base de qualquer tratamento contra a obesidade é a mudança do estilo de vida, seja criança ou adulto, portanto temos que melhorar o tripé do metabolismo, que envolve a qualidade do sono, alimentação, priorizando comida de verdade, rica em saladas, frutas, carnes boas e evitando industrializados, e por último, a atividade física que deve ser diária.
Todos os dias a criança precisa fazer alguma coisa, como natação, andar de bicicleta, jogar bola, correr, pois são atividades que melhoram a interação social e o desenvolvimento orgânico.
Quando os pais perceberem que o psicológico da criança está abalado pela possibilidade de um quadro de obesidade infantil, é preciso procurar ajuda profissional. Existem vários psicólogos voltados a questão da obesidade e é importante buscar um tratamento adequado para evitar distúrbios como transtornos de ansiedade, depressão, pânico, que consequentemente podem piorar o ganho de peso.
Observando esses fatores, é possível garantir que a criança se desenvolva de forma mais saudável, dentro de um peso adequado e com muito mais saúde para seguir na vida adulta.
Dr. Jorge Rezeck
Médico no Hospital São Jorge e Clínica Unique.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.