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Obesidade infantil pode atingir 75 milhões de crianças até 2025 em todo o mundo

Vida moderna é uma das principais causas e ganho de peso pode causar doenças cardíacas e cerebrovasculares

Até 2025 haverá 75 milhões de crianças obesas no mundo. A estimativa é da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos está acima do peso no país.

A pandemia da Covid-19 contribuiu para o aumento da obesidade entre crianças, que presas em casa e sem acesso à escola nos anos de 2020 e 2021, muitas vezes descontaram suas frustrações e ansiedade na ingestão de doces, gorduras e industrializados em excesso.

Mas existe um outro fator que vem antes da pandemia e que acelerou a obesidade infantil em todo o mundo: a vida moderna. O médico do Hospital São Jorge e da Clínica Unique Barretos, e membro titular da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, dr. Jorge Rezeck, explicou como a tecnologia influenciou o ganho de peso entre as crianças.

“Com certeza a vida moderna favoreceu a obesidade infantil, temos crianças e adolescentes cada vez mais sedentários. Antigamente as crianças interagiam na rua, jogavam bola, corriam nas calçadas. E hoje em dia os jovens ficam no computador ou nos smartphones, interagindo de forma virtual, com pouco gasto energético”, disse.

“Tem controle remoto para tudo, a locomoção é sempre de carro e antigamente a gente andava e caminhava muito. As crianças se dedicam pouco à prática de atividades físicas, como jogo de futebol, natação, entre outras. Pelo contrário, estão inseridas, cada vez mais, em atividades virtuais”, acrescentou o médico do Hospital São Jorge, que destacou o excesso de comidas altamente calóricas e pouco saudáveis à disposição do público infantil.

“Além do sedentarismo, tem o excesso de comidas calóricas, junk foods e fast foods e industrializados que vêm ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados e nas lanchonetes, fazendo com que a alimentação das crianças e jovens seja pouco saudável. Por isso, vemos de forma cada vez mais frequente a obesidade se manifestando de precocemente e se alastrando de uma forma exponencial”, afirmou o Dr. Jorge Rezeck.

O médico da Clínica Unique Barretos lembra aos pais que crianças obesas têm mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares, entre tantas outras que podem surgir no futuro.

“Os riscos são principalmente endocrinometabólicos a curto prazo, como alteração de eixo da tireoide e de eixo androgênico, puberdade precoce, Hirsutismo, que é o aumento de características masculinas nas meninas, como por exemplo, aumento de pelos, síndrome dos ovários policísticos, pré-diabetes e diabetes, dislipidemia ou alta presença de gordura no sangue, pancreatite, esteatose hepática, obesidade visceral, entre muitas outras doenças”, disse.

“A curto e médio prazo essas doenças e desenvolvem, e a médio e longo prazo aumentam o risco de doenças cardio e cerebrovasculares, que são as doenças que mais mata no Brasil e no mundo. Pacientes obesos, na fase da adolescência, em sua maioria se tornam adultos obesos, e acabam morrendo de enfartos, AVC e outras doenças”, destacou o médico e especialista em  Endocrinologia e Metabologia.

Mas há esperança para essas crianças. O médico Dr. Jorge Rezeck chamou atenção para o fato de que as crianças perdem peso de forma mais fácil e rápida que os adultos. Mas lembrou que é necessário o acompanhamento de um profissional para orientar sobre a nutrição adequada nessa fase da vida.

“A criança tem mais facilidade para mudar os hábitos alimentares e tem uma memória metabólica melhor, o organismo foi exposto ao quadro de obesidade por menos tempo e então ela consegue sair desse quadro mais facilmente, o metabolismo basal da criança é mais ativo do que o adulto”, explicou.

“Quando envelhecemos, o nosso gasto energético basal vai diminuindo, isso é normal. Quando somos mais jovens, temos um gasto energético mais alto que gera um gradiente de emagrecimento melhor quando estimulado. E quanto mais tempo demoramos para emagrecer, mais difícil fica. Mas o mais importante é que os pais procurem ajuda com um especialista e coloquem as crianças para fazer qualquer tipo de atividade física”, completou Dr. Jorge Rezeck, que fez um alerta importantíssimo para os pais.

“O alerta para os pais é observar o ganho exponencial de peso, associado a quadros de ansiedade e compulsão alimentar, fato que ocorreu principalmente durante o isolamento social, mas que pode continuar pelo desenvolvimento de algum tipo de estresse pós-traumático ou transtorno psiquiátrico como crises de ansiedade que, com certeza, pode acarretar um quadro de obesidade no futuro”, finalizou.

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